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Colômbia na mira: América Latina precisa dar resposta unificada a desvarios de Trump

Acusações de Trump contra Petro se inscrevem na mesma lógica de hostilidade contra México, Brasil e Venezuela — e refletem o desespero de uma superpotência em declínio

Neste domingo (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma de suas características agressões discursivas contra a Colômbia — país que ele chamou de “Columbia”, sem que se saiba ao certo se foi por ignorância ou por uma ironia incompreensível — e contra seu mandatário, Gustavo Petro, a quem acusou de ser “um líder do narcotráfico que promove a produção massiva de drogas em grandes e pequenos campos”. Trump ainda ameaçou que, se o presidente colombiano não fechar “esses campos de extermínio imediatamente, os Estados Unidos os fecharão — e não será de forma pacífica”, o que constitui uma ameaça de intervenção militar nesse país sul-americano, semelhante às que já faz contra a vizinha Venezuela.

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A declaração, divulgada na rede social do magnata, contém difamações tão desproporcionais quanto as dirigidas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e foi apresentada como reação às denúncias de Petro, que na véspera havia afirmado que, sob o pretexto da luta contra o narcotráfico, as forças militares de Washington destacadas no mar do Caribe estão assassinando pescadores em episódios de agressões letais — divulgados pela própria Casa Branca — contra pequenas embarcações. Petro também afirmou que a verdadeira motivação da hostilidade do governante estadunidense não é impedir que as drogas cheguem da América do Sul aos Estados Unidos, mas sim apoderar-se do petróleo da Venezuela e da Guiana.

O fato é que, de forma inesperada e sem apresentar um motivo minimamente verossímil, o chefe do Executivo estadunidense ampliou suas ameaças militaristas e intervencionistas a esses dois países latino-americanos, somando-se à agressividade que Washington, pela voz do próprio Trump ou de seus funcionários, mantém em relação ao Brasil — por causa do julgamento e da recente condenação do golpista Jair Bolsonaro, seu amigo e aliado — e, em menor medida, ao México, país que ele vem caluniando de forma contínua desde sua primeira campanha presidencial, em 2016.

Ataque de Trump foi uma reação às denúncias de Petro, o qual afirmou que, sob o pretexto da luta contra o narcotráfico, Washington está assassinando pescadores em episódios de agressões letais contra pequenas embarcações. (Foto: Presidência da Colômbia / Flickr)

A hostilidade trumpista se manifesta das mais diversas maneiras: desde agressões comerciais até provocações militares, como as empreendidas contra a Venezuela, passando por acusações infundadas sobre supostas cumplicidades governamentais com o narcotráfico — muitas vezes veiculadas pela imprensa do país vizinho — e pelas consequentes ameaças de incursões armadas. E quanto maiores se tornam os indicadores internos de sua incapacidade como governante, mais cresce sua beligerância contra nações que foram parceiras e aliadas de Washington por décadas — para não falar de seus desígnios persecutórios contra os setores políticos estadunidenses que não o acompanham em seus desvarios.

Diante dessas circunstâncias, torna-se evidente a necessidade de que os países vítimas da virulência trumpista expressem, de forma unificada, seu repúdio às provocações, às insídias e às ameaças intervencionistas, exijam respeito à autodeterminação e à soberania, e defendam a cooperação, o diálogo, o respeito à legalidade internacional e a paz como o único caminho sensato para conduzir as relações entre a América Latina e a superpotência em declínio.

As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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