“Memórias Encontradas: entre a solidariedade e a perseguição” é exibida a partir de 14/08, de graça, com painéis textuais e fotográficos, mesas-redondas, filmes, visitas guiadas, curso de extensão e lançamento de livro
A partir de 14 de agosto, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) recebe a exposição argentina “Memórias Encontradas: entre a solidariedade e a perseguição”, que aborda a história de homens e mulheres que buscaram refúgio na Embaixada da Argentina em Santiago, Chile, durante o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 contra Salvador Allende.
A mostra acontece gratuitamente no mezanino da Coordenadoria de Arte e Oficinas de Criação (Coart) até 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e é fruto da parceria entre a Coart, a Comissão da Verdade e Memória, o Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), o Cidades – Núcleo de Pesquisa Urbana e o Núcleo Fala-se, todos parte da UERJ.
Tendo como base documentos produzidos pela Direção de Inteligência da Polícia da Província de Buenos Aires (DIPPBA), que fichou e fotografou os latino-americanos asilados na embaixada argentina em Santiago após o golpe, a exposição traz painéis textuais e fotográficos para resgatar a memória dos refugiados da ditadura chilena. Há inclusive imagens de brasileiros que estiveram na embaixada. Destacam-se os retratos de Daniel José de Carvalho e José Lavecchia, assassinados no Massacre de Medianeira (1974) e ainda desaparecidos.
Haverá também uma instalação da artista plástica Fulvia Molina, com 12 painéis acrílicos e vinil transparente, com imagens de todos os brasileiros mortos e desaparecidos durante a ditadura — em uma proposta estética que confronta o presente com as “camadas de dor do passado recente”.
Dois painéis têxteis criados por uma rede nacional de bordadeiras ativistas também integram a mostra. O primeiro traz os nomes dos 434 mortos/desaparecidos bordados por nove coletivos (BordaLuta, Linhas da Ilha, Linhas da Resistência, Linhas de POA, Linhas de Sampa, Linhas do Horizonte, Linhas do Mar, Linhas do Rio e Linhas do Sul). O segundo, bordado por Linhas de Sampa, sintetiza os horrores da ditadura sob o grito: Nunca Mais!
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Inauguração da exposição e mais atividades
A inauguração da exposição “Memórias Encontradas: entre a solidariedade e a perseguição”, em 14 de agosto, será marcada por um coquetel às 16h no espaço da Reitoria da UERJ. Em seguida, é realizada uma mesa-redonda no Auditório 11 (1º andar), com a participação de Sandra Raggio e Roberto Cipriano — membros da direção da Comissão Provincial pela Memória (CPM) da Argentina, que produz originalmente a mostra — e Ana Soffiantini — sobrevivente da Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), ex-centro clandestino de detenção, tortura e extermínio de Buenos Aires.
Além das exibições no Coart, haverá intensa programação cultural no auditório Cartola da universidade, com exibição de filmes, debates, lançamento de livro, além do curso de extensão “Argentina: Direitos Humanos e Políticas de Memória Face à Ascensão da Extrema-Direita”. A ideia é provocar reflexões sobre um capítulo ainda sensível da história latino-americana, com reverberações até hoje.
Operação Condor
A exposição “Memórias Encontradas: entre a solidariedade e a perseguição” já percorreu Argentina, Uruguai e Chile antes de desembarcar no Brasil, tendo passado por Porto Alegre, Curitiba, Campinas, Niterói, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, com apoio de coletivos de direitos humanos.
Neste contexto de itinerância da obra, a Comissão Provincial pela Memória — que assina a curadoria da exposição e é presidida pelo Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e pela socióloga Dora Barrancos — recentemente declarou apoio oficial à série de TV “Operação Condor”, dirigida pelos brasileiros Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo.
“Valor histórico e pedagógico”, declara instituto de Pérez Esquivel em apoio a “Operação Condor”
A década de 1970 foi marcada por regimes ditatoriais no Cone Sul da América Latina (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai), que deixaram mortos, desaparecidos, presos políticos, torturados e exilados. Ao lado da articulação repressiva das ditaduras, especialmente através da Operação Condor, também floresceram redes de solidariedade entre os povos, capazes de salvar vidas e preservar a memória.
Programação
- Quinta-feira, 14 de agosto
- 16h – Espaço da Reitoria da UERJ
- Coquetel de Abertura da exposição
- Visita guiada
- Mesa-redonda (Auditório 11 – 1º andar) com Sandra Raggio, Roberto Cipriano (CPM) e Ana Soffiantini (ESMA)
- Sexta-feira, 15 de agosto
- 9h30 – Auditório Cartola
- Minicurso: Argentina: Direitos Humanos e Políticas de Memória Face à Ascensão da Extrema-Direita
- Terça-feira, 19 de agosto
- 16h – Auditório Cartola
- Filme: 15 Filhos, de Marta Nehring e Maria Oliveira
- Lançamento do livro Crianças e Exílio, com presença dos autores
- Quinta-feira, 28 de agosto
- 14h – Auditório Cartola
- Filme: Operação Condor, de Cleonildo Cruz
- Mesa-redonda com o diretor
- Quinta-feira, 4 de setembro
- 17h – Auditório Cartola
- Filme: Cadê Heleny, de Esther Vital
- Roda de bordado no espaço da exposição com o coletivo Linhas do Rio
- Terça-feira, 9 de setembro
- 16h – Auditório Cartola
- Filme: Repare Bem, de Maria de Medeiros
- Mesa-redonda com a Comissão da Verdade e Memória da UERJ
- Terça-feira, 16 de setembro
- 16h – Auditório Cartola
- Filme: Fico te devendo uma carta sobre o Brasil, de Carol Benjamin
- Mesa-redonda com o coletivo Filhos e Netos por Verdade, Justiça e Reparação
- Terça-feira, 23 de setembro
- 16h – Auditório Cartola
- Filme: Terra dos Índios, de Zelito Viana
- Mesa-redonda: Povos Originários – Memória, Verdade, Justiça e Reparação
- Terça-feira, 30 de setembro
- 16h – Auditório Cartola
- Filme: Auto de Resistência, de Natasha Neri
- Mesa-redonda: A violência de Estado na democracia
- Encerramento da exposição

