Zhoran Mamdani, jovem imigrante muçulmano e socialista democrático, está prestes a ser eleito chefe da principal cidade dos Estados Unidos, Nova York. Seu movimento é um antídoto contra o envenenamento do que resta da democracia estadunidense em um dos momentos mais sombrios de sua história.
Mamdani é frequentemente descrito como o “pesadelo perfeito” do ocupante da Casa Branca, que não esconde sua fúria e adverte que não se deve permitir que “um comunista lunático” chegue à prefeitura de Nova York.
Quando surpreendeu as cúpulas políticas e econômicas do país com sua vitória nas primárias democratas no fim de junho — derrotando o favorito do establishment, Andrew Cuomo — imediatamente foram convocadas reuniões de emergência para ver como frear o jovem que ousou desafiar os donos do sistema.
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O triunfo e as elites em alerta
A melhor descrição do triunfo veio do Wall Street Journal na manhã seguinte às primárias de junho, que citou Nelson Mandela: “sempre parece impossível até que se faz”.
Se vencer a eleição geral em pouco mais de um mês, será o prefeito mais jovem em um século (completa 34 anos neste mês), além de ser o primeiro muçulmano e o primeiro a se declarar socialista a ocupar o cargo.
Cuomo agora concorre como “independente” e é a última esperança das elites, depois que o atual prefeito, Eric Adams, anunciou neste domingo sua retirada da disputa — resultado de uma negociação com a Casa Branca para abrir mais chances a Cuomo de derrotar o inimigo comum.
Zhoran Mamdani defende uma cidade mais justa
Mamdani tem mostrado que sua mensagem de maior igualdade, mais serviços públicos e uma cidade “mais acessível”, financiada com maiores impostos para o 1% mais rico, encontra eco neste momento.
Agora ele busca mobilizar 100 mil voluntários, em sua maioria jovens — o dobro do que reuniu nas primárias — para garantir os votos necessários na eleição de 4 de novembro.
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Carisma e campanha popular
Seu carisma natural e um sorriso famoso, em uma campanha conduzida com enorme talento tanto nas redes sociais quanto nas ruas, combinando humor popular com mensagens voltadas a uma cidade para todos, incluindo, claro, os imigrantes, seguem alimentando um movimento dinâmico.
Em seus discursos, mistura propostas concretas com exemplos progressistas da história de Nova York para ilustrar suas iniciativas.
Rotulado por seus opositores como “radical” e portador de propostas inviáveis, em outros países seria visto como um social-democrata moderado. O fato de assustar as elites revela o quanto este país se moveu para a direita.
Diversidade como força política
Em uma cidade onde se falam mais de 200 idiomas, em que 40% da população é imigrante e quase todo o restante são filhos ou netos de imigrantes, o apoio a Mamdani vem acompanhado dos ritmos e sotaques do mundo.
Ele é parte disso: nascido em Uganda, sua mãe, Mira Nair, é cineasta (Salaam Bombay, Mississippi Masala), e seu pai, Mahmood Mamdani, é um renomado intelectual africano de esquerda e professor na Universidade de Columbia.
Sua campanha é um mosaico que une comunidades do sul da Ásia — Índia, Paquistão, Bangladesh — a latinos, africanos e estadunidenses.
Ainda mais surpreendente para as elites é o apoio de um amplo setor de judeus progressistas que impulsionam o voto em um candidato que condenou a guerra genocida de Israel, afirmou que, se fosse prefeito, prenderia Netanyahu, e por isso já foi acusado por adversários de antissemita.
Aliança progressista com Sanders
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Em um fórum com Bernie Sanders, no Brooklyn, no início de setembro, Mamdani declarou: “Nova York não está à venda para os bilionários de Trump… nem para as empresas, nem para políticos corruptos”.
Ressaltando as implicações nacionais da disputa, o senador afirmou:
“o que vemos agora é uma oligarquia com enorme poder econômico e político em ambos os partidos… que tem medo de que o Sr. Mamdani se torne exemplo do que pode acontecer em todo o país… Eles têm a riqueza, têm o poder… Nós temos o povo”.
🎵 Sly & The Family Stone — Everyday People (canção usada no comício de Mamdani e Sanders).