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Petro: ajuda financeira dos EUA via Usaid só causou violência e prejuízos na Colômbia

Na última quinta-feira (23), a Colômbia denunciou que, com suas manobras antidrogas no mar do Caribe e no oceano Pacífico, os Estados Unidos estão cometendo execuções extrajudiciais que são punidas pelo Direito Internacional Humanitário. Assim afirmou em Bogotá o presidente Gustavo Petro, em entrevista coletiva a meios internacionais — a segunda desde o início de seu mandato.

“Os Estados Unidos estão cometendo execuções extrajudiciais, seja o barqueiro (ou pescador) culpado ou não, em ambas as circunstâncias há um uso desproporcional da força, o que é punido pelo Direito Internacional Humanitário”, declarou.

Pelo menos 10 embarcações, a maioria lanchas rápidas, foram atacadas pelo Pentágono no último mês — oito no mar do Caribe e duas, segundo o secretário de Guerra estadunidense, Pete Hegseth, no oceano Pacífico.

Petro reforçou que seu governo tem sido o mais eficaz do mundo e da história na apreensão de cocaína. Segundo dados oficiais da Força Pública colombiana (Exército, Polícia, Marinha e Força Aérea), cerca de 2.800 toneladas foram apreendidas desde o início da atual administração.

“Foram confiscadas dos narcotraficantes sem matar ninguém; ao contrário, nós os capturamos”, afirmou Petro, mostrando documentos.

Antes das perguntas dos jornalistas, Petro fez uma breve exposição na qual destacou que a Organização das Nações Unidas (ONU) corrigiu um relatório sobre os cultivos de folha de coca na Colômbia, demonstrando que a redução das plantações é evidente e histórica.

“Trump retira o apoio à Colômbia justamente quando melhor estamos”, exclamou Petro, após lamentar a descertificação de um país que tem sido o que mais sofreu nessa luta. Em seguida, explicou por que acredita que o mandatário dos Estados Unidos está equivocado: “Na minha opinião, Trump não entende nada disso. Ninguém lhe explicou.”

A ultradireita aconselha mal

O chefe de Estado colombiano não poupou críticas à extrema-direita — não só a colombiana, mas também a estadunidense —, a quem responsabiliza por desorientar o presidente estadunidense.

“O lobby ideológico, influenciado por nossa oposição política — a extrema-direita colombiana, que governou junto ao narcotráfico e é próxima da direita de Miami (Flórida) —, é o que Trump escuta.”

Lançou ainda a hipótese de que essa ultradireita narcotraficante pretende interferir nas eleições de 2026 na Colômbia e, segundo Petro, Trump segue essa linha: “Eles não querem que o progressismo volte a vencer e buscam retornar ao passado, ou seja, a Uribe. Respeito sua opinião, mas não concordo com isso.”

Nada muda com o corte da ajuda

“O que acontece se (os Estados Unidos) nos tirarem a ajuda? Na minha opinião, nada. Nunca vi no orçamento nacional aprovado pelo Congresso um só dólar vindo de lá”, afirmou, ao destacar que as ajudas passadas não chegam por meio do Estado, mas são administradas por organizações como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

Segundo dados do próprio governo colombiano, os desembolsos de ajuda de Washington a Bogotá caíram no último ano para 232 milhões de dólares.

“Essas ajudas só produziram violência e nos causaram prejuízos”, afirmou Petro, justificando que não se preocupa com o desmonte da ajuda econômica proveniente de Washington. “É uma ajuda para eles mesmos, em temas de emprego e compra de produtos para combater o narcotráfico e atacar os camponeses; por exemplo, o glifosato”, enfatizou.

O único ponto em que reconheceu que o corte pode causar impacto é na área militar, já que a maioria da frota de helicópteros vem dos Estados Unidos e, sem peças de reposição, os aparelhos ficariam em terra.

A guerra de tarifas é de baixo impacto

“Pode-se fazer um esforço para mitigar o dano caso ocorra um aumento de tarifas”, avaliou Petro, argumentando que, em termos reais, apenas 10% dos produtos exportados pela Colômbia seriam afetados.

O país exporta 26% de seus produtos para os Estados Unidos, seu principal parceiro comercial; no entanto, segundo o presidente, 60% dessas exportações são de petróleo e carvão, e “estou certo de que Trump não imporá tarifas sobre esses produtos, pois encareceriam seus combustíveis”, concluiu.

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