Os diretores da série de TV “Operação Condor”, Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, acabam de divulgar uma carta aberta dedicada às entidades nacionais e internacionais que já declararam apoio à produção.
No documento, Cruz e Belluzzo declaram “a mais profunda gratidão às organizações” e destacam o incentivo como mostra de “generosidade, coragem e compromisso com os direitos humanos, a democracia e a memória histórica”.
Ainda segundo os produtores, o respaldo à série — que nasce com a missão de denunciar os crimes das ditaduras militares do Cone Sul no âmbito da Operação Condor — adquire agora especial relevância não apenas em meio ao crescimento de discursos autoritários e negacionistas na América Latina, mas também frente ao tarifaço anunciado por Trump contra o Brasil e a outros países do mundo.
A ação “simboliza o que podemos chamar de um ‘Novo Condor’, uma reconfiguração contemporânea das estratégias de dominação e repressão que marcaram o passado recente do continente”, denunciam os diretores, que também classificam a ofensiva econômica como uma estratégia para “impor uma agenda geopolítica alinhada aos interesses das potências hegemônicas”.
É nesse sentido que, segue a carta, os diretores e as organizações que amparam “Operação Condor” compartilham “a convicção de que a memória é condição para a justiça, e que sem justiça não há democracia plena”.
“É com essa rede de afeto, compromisso e solidariedade que seguimos firmes, certos de que a arte é também um ato de resistência e uma ponte entre o passado e o futuro”, finalizam Cruz e Belluzzo.
Nós, Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, expressamos nossa mais profunda gratidão a todas as instituições nacionais e internacionais que, com generosidade, coragem e compromisso com os direitos humanos, a democracia e a memória histórica, declararam apoio à série de televisão “Operação Condor”.
O apoio mais recente nos foi concedido pela Comisión Provincial por la Memoria (CPM), da Argentina — organismo público autônomo dedicado à defesa dos direitos humanos e à construção da memória histórica — presidido por Adolfo Pérez Esquivel, referência mundial na luta por justiça e direitos humanos. Pérez Esquivel é um símbolo da resistência pacífica às ditaduras militares na América Latina e foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz por sua trajetória incansável em defesa dos povos oprimidos. Ao seu lado está Dora Barrancos, intelectual feminista e pesquisadora incansável da memória latino-americana. Essa manifestação de apoio institucional, vinda de figuras tão emblemáticas, fortalece profundamente nosso projeto e reafirma sua relevância continental, especialmente em um contexto em que discursos autoritários e negacionistas voltam a ganhar espaço na América Latina.
Este projeto nasceu do desejo de romper o silêncio em torno de uma das páginas mais trágicas da história latino-americana: a repressão sistemática e coordenada pelas ditaduras militares do Cone Sul, no âmbito da Operação Condor, articulada com apoio e financiamento da CIA dos Estados Unidos. Hoje, assistimos com preocupação à repetição dessas estratégias autoritárias e neocoloniais, agora impulsionadas pelo atual governo de Donald Trump, como o recente tarifaço imposto ao Brasil e a outros países da América e do mundo, que atenta contra a soberania econômica e a dignidade de nossas nações.
Nesse contexto, o tarifaço recentemente imposto pelo governo de Donald Trump ao Brasil e a diversos países da América Latina simboliza o que podemos chamar de um “Novo Condor”, uma reconfiguração contemporânea das estratégias de dominação e repressão que marcaram o passado recente do continente. A nova política de Trump, sustentada por medidas econômicas unilaterais e autoritárias, não difere, em seus objetivos centrais, da lógica da Operação Condor: enfraquecer a soberania dos países latino-americanos, interferir em suas decisões internas e impor uma agenda geopolítica alinhada aos interesses das potências hegemônicas. Hoje, as armas não são apenas militares — são sanções, tarifas e chantagens econômicas que atacam diretamente a dignidade e a autonomia das nossas nações
A cada passo da caminhada, temos sido amparados por organizações que compartilham conosco a convicção de que a memória é condição para a justiça, e que sem justiça não há democracia plena.
Nosso reconhecimento vai para:
- Instituições internacionais
- Comisión Provincial por la Memoria (CPM) – Argentina
- Internacional de la Educación (IE)
- Internacional de la Educación para América Latina (IEAL)
- Parlamento do MERCOSUL (Parlasul)
- Corte Interamericana de Direitos Humanos (OEA)
- Instituto de Políticas Públicas en Derechos Humanos del MERCOSUR (IPPDH)
- Museo de la Memoria y los Derechos Humanos (Chile)
Instituições brasileiras
- Comissão de Anistia do Brasil
- Instituto João Goulart
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
- Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB)
- Museu Lava Jato
- Grupo Prerrogativas
- Clube de Engenharia do Brasil
- Federação Interestadual dos Sindicatos de Engenheiros (FISENGE)
- Instituto Zuzu Angel
- Cátedra UNESCO/UNICAP de Direitos Humanos Dom Helder Câmara
- Fórum Nacional de Educação (FNE)
- Associação Brasileira de Economistas para a Democracia (ABED)
- Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Cada apoio que recebemos reforça a urgência e o alcance deste projeto. É com essa rede de afeto, compromisso e solidariedade que seguimos firmes, certos de que a arte é também um ato de resistência e uma ponte entre o passado e o futuro.
Muito obrigado!
Cleonildo Cruz
Luiz Gonzaga Belluzzo
A cobertura sobre a produção aqui, na Diálogos do Sul Global, você confere na seção especial “Série Operação Condor”.

