Para a líder da IEAL, Sonia Alesso, “Operação Condor” será fundamental para entender, tanto em salas de aula como no público em geral, os crimes das ditaduras na América Latina
A presidenta da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), a argentina Sonia Alesso, acaba de oficializar o apoio da entidade à série de TV “Operação Condor”, projeto dos diretores Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo.
A declaração foi feita durante a participação de Alesso no painel “Panorama Educacional – Perspectivas Sindicais, Internacional e Governamental”, parte das atividades do Encontro de Coletivos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), realizado nos dias 17 e 18 de julho em Recife (PE).
Com forte tom de reconhecimento histórico, Alesso destacou a importância da produção audiovisual para a preservação da memória e a luta por justiça nos países que foram vítimas das ditaduras militares coordenadas pela Operação Condor – a aliança repressiva transnacional que articulou ações de sequestro, tortura e desaparecimento de opositores políticos entre os anos 1970 e 1980, com o apoio de diversas ditaduras da América do Sul.
A investigação sobre a história recente da América Latina é fundamental para lançar luz sobre o que aconteceu em nossos países, e sobre as relações entre as ditaduras militares da região. A série é importante por isso. A Internacional da Educação acolhe esse projeto com entusiasmo e vai recebê-lo na Argentina, que tanto sofreu com a ditadura e o Plano Condor.Sonia Alesso
A presidenta da IEAL concluiu ressaltando ainda o papel da produção como ferramenta pedagógica e de mobilização da consciência coletiva:
Seguimos lutando para saber onde estão nossos filhos, nossos netos. Faltam encontrar mais de 300 crianças na Argentina. Algumas delas foram localizadas por meio de investigações ligadas à Operação Condor. Este documentário será fundamental para as salas de aula, para as escolas, para o público em geral. Parabenizo essa iniciativa dos meus colegas Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, por darem continuidade a uma investigação audiovisual que pode transformar a memória em ação e em educação. Memória, verdade e justiça!Sonia Alesso
Heleno Araújo: “Sensibilizar as novas gerações”
Heleno Araújo — presidente da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação (IE), entidade sediada na Bélgica que engloba a IEAL — é um reconhecido apoiador da série “Operação Condor” e reiterou o respaldo institucional à produção. Também secretário-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Araújo fez a declaração diretamente de Guiné-Bissau, onde, representando o setor educacional, participou da 15ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP:
É com grande entusiasmo que as principais entidades da educação do Brasil, da América Latina, do Caribe, dos países de Língua Portuguesa e também da Europa manifestam seu apoio à série de TV ‘Operação Condor’. As primeiras vítimas dos regimes militares foram educadores — perseguidos, censurados, presos, torturados, mortos e desaparecidos. Obras como essa são fundamentais não apenas para reconstruir a memória histórica, mas também para formar e sensibilizar as novas gerações sobre os impactos devastadores das ditaduras na sociedade e nos direitos humanos.Heleno Araújo
Cruz e Belluzzo: “Dever político, histórico e pedagógico”
A IEAL representa atualmente 36 organizações de trabalhadores da educação em 19 países, com sede regional em San José, na Costa Rica. A adesão oficial ao projeto representa um importante reconhecimento internacional à série “Operação Condor”, que já nasce com o compromisso de levar à tela a verdade silenciada de um dos capítulos mais sombrios da história do continente. Nesse sentido, os diretores Cruz e Belluzzo afirmam:
Receber o apoio da IEAL, da CPLP e de tantas entidades educacionais reforça nosso propósito de fazer da série um instrumento de memória e formação crítica. A Operação Condor não foi apenas um pacto de repressão entre ditaduras, mas também um projeto econômico autoritário. Contar essa história é um dever político, histórico e pedagógico.Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo
Ainda segundo os produtores, a série aguarda apenas a aprovação da Agência Nacional do Cinema do Brasil (Ancine) para iniciar imediatamente as locações e filmagens nos países que compuseram a Operação Condor: Argentina, Brasil, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Peru.
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Com previsão de sete episódios, a série “Operação Condor” vai abordar não apenas os aspectos políticos das ditaduras latino-americanas, mas também os interesses econômicos que sustentaram os regimes autoritários, uma das inovações da abordagem de Cruz e Belluzzo.
Para saber mais sobre o projeto, confira a seção especial “Série Operação Condor”.
As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

