As palavras do primeiro-ministro nazissionista israelense Benzion Mileikowsky – conhecido por seu nome semitizado, Benjamin Netanyahu – de que os ataques contra o povo palestino não terminaram, apesar da assinatura de um cessar-fogo, demonstram que sua visão e prática de extermínio, seu plano de “solução final” para o povo palestino, seguem mais vigentes do que nunca.
“Juntos alcançamos enormes vitórias… mas, ao mesmo tempo, devo dizer que a luta não terminou. Ainda temos grandes desafios de segurança pela frente. Alguns de nossos inimigos tentam recuperar forças para nos atacar novamente”, afirmou o criminoso Netanyahu, com seu crônico vitimismo, buscando acalmar as exigências dos membros mais extremistas de seu gabinete e, ao mesmo tempo, reafirmar a hasbará da entidade israelense.
Ministros como o responsável pela pasta da segurança, o colono de origem curdo-iraquiana Itamar Ben Gvir, e o ministro dos assentamentos, de origem ucraniana, Bezalel Smotrich, se negam a aceitar qualquer acordo que não implique o extermínio completo do povo palestino e o controle total da Faixa de Gaza. Uma tríade de criminosos, genocidas que expressam a perversidade absoluta de uma sociedade que escolheu, como representantes, esse tipo de desvario.
As declarações do líder da entidade genocida israelense, somadas às ameaças e incitações ao genocídio feitas por políticos e líderes de uma sociedade majoritariamente extremista, como é a israelense, desmentem a narrativa enganosa de que teria sido alcançado um cessar-fogo em Gaza. A realidade mostra que o genocídio não terminou e que essa frágil pausa – já violada – é apenas mais uma etapa de uma política de aniquilação do povo palestino.
O acordo previa, em sua primeira fase, a troca de prisioneiros israelenses – cerca de 20 vivos e outros 40 corpos de israelenses mortos pelos próprios bombardeios de suas tropas, aplicando a chamada Diretiva Militar Aníbal. Do lado palestino, esperava-se a libertação de 1.961 prisioneiros, muitos exibindo sinais evidentes de tortura: demacrados, em pele e osso, com marcas visíveis de tratamento desumano e de violações aos direitos humanos. A troca foi supervisionada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
A libertação dos palestinos sequestrados – muitos deles com longas penas e outros sob a chamada “detenção administrativa” – demonstrou claramente que “o inimigo fracassou em libertar seus cativos pela via militar, apesar de sua superioridade informativa e de poder, e agora os recupera aceitando um acordo de troca, exatamente como a resistência prometera desde o início”, conforme comunicado das Brigadas Al-Qassam.
Uma falsa trégua promovida pelo principal aliado da entidade genocida israelense: o governo de Donald Trump. Uma ilusória esperança de paz que a mídia ocidental apresenta como exemplo de diplomacia, quando na verdade é liderada por um catalisador de conflitos como Trump, aliado a uma entidade genocida que propõe uma “paz” mais impositiva que verdadeira.
Não pode haver paz duradoura sem o fim da ocupação, da colonização e do extermínio — processos fomentados por Washington e seus aliados ao longo dos últimos 77 anos. Décadas de opressão e assassinatos desmentem a narrativa sionista de que o atual genocídio começou em 7 de outubro de 2023, com a operação político-militar Tempestade de Al-Aqsa, uma epopeia heroica que voltou a dar visibilidade à luta do povo palestino.
A operação da resistência palestina foi, sem dúvida, justa, necessária e legal sob o direito internacional, e provocou a reação do regime sionista israelense, que desencadeou o mais feroz genocídio das últimas oito décadas — mobilizando não apenas a resistência palestina, mas também forças do Líbano, Irã e Iêmen, reafirmando a necessidade de autodeterminação da Palestina e a dignidade da Umma no cenário internacional.
Apesar das palavras de “boa vontade” de Washington e seu aliado sionista sobre o cessar-fogo, a realidade mostra que esses processos sempre foram artifícios políticos e midiáticos, usados para dar fôlego ao governo criminoso israelense quando pressionado militarmente pela resistência, pela condenação internacional e pelos tímidos avanços em medidas punitivas contra o regime nazissionista.
Os assassinatos de palestinos não cessaram. Além das ações do exército ocupante, atuam milícias armadas, financiadas e apoiadas logisticamente com inteligência militar, para assassinar membros do Hamas e pessoas ligadas à resistência palestina. Grupos de mercenários, apoiados pelo gabinete de Netanyahu, assassinaram o jornalista Saleh Al-Jafarawi em Gaza, enquanto ele cobria confrontos entre o Hamas e esses grupos traidores, respaldados pelos serviços secretos israelenses internos (Shin Bet) e externos (Mossad).
Desde a assinatura do cessar-fogo, já se previa que o regime sionista não cumpriria o acordo — como de costume. As justificativas para violá-lo são sempre as mesmas: “segurança ameaçada”, “enfrentamentos” não comprovados, “zonas de segurança” arbitrárias. Israel é, por essência, uma entidade violadora, uma sociedade extremista que despreza qualquer goyim (não judeu), seja muçulmano ou cristão. Todo ser humano fora de seu delírio de “povo escolhido” é alvo de seus crimes.
Nos últimos dias, a entidade colonial que ocupa a Palestina bombardeou áreas do centro e sul da Faixa de Gaza, matando ao menos 100 pessoas e ferindo 200, em cidades como Deir al-Balah, Al Zawaida e Rafah. O enclave palestino segue sendo palco diário de ataques de franco-atiradores israelenses, que assassinam mulheres e crianças, além de bombardeios por aviões, drones, tanques e artilharia — tudo em clara violação do cessar-fogo assinado.
Os comandantes israelenses afirmam que esses ataques seriam resposta à morte de dois soldados e ferimentos de outros dois em Rafah. Como de costume, os bombardeios têm como alvo as áreas onde centenas de milhares de palestinos buscam refúgio. É evidente que o castigo coletivo faz parte da política de “solução final” do exército ocupante.
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Já se tornou redundante afirmar que o regime nazissionista israelense viola o direito internacional — essa é sua própria natureza. O direito internacional, neste ponto, tornou-se mera anedota diante das violações sistemáticas aos direitos humanos de milhões de palestinos, especialmente mulheres e crianças. Em pouco mais de dois anos, isso significou ao menos 300 mil mortes diretas e indiretas.
A revista médica britânica The Lancet — que de modo algum pode ser acusada de pró-palestina — já em junho de 2024 publicou estudo de grande repercussão mostrando que o número de mortos em Gaza devia ser multiplicado por quatro em relação aos dados oficiais.
A realidade, poucos dias após o cessar-fogo, mostra que a entidade nazissionista, protegida pela impunidade garantida pela administração de Donald Trump, segue comprometida em continuar sua política de extermínio, intensificando ataques seletivos e indiscriminados contra a população palestina.

Impedir o fluxo da ajuda humanitária, manter fechado o cruzamento de Rafah entre Gaza e o Egito, bloquear qualquer tentativa mínima de normalização e reconstrução da Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, usar sua hasbará para sustentar que tais ações se devem ao suposto descumprimento do Hamas na entrega dos corpos dos israelenses detidos. Sempre uma desculpa, um pretexto que, se não existe, é inventado por meio de ações de bandeira falsa.
No plano da destruição total da Faixa de Gaza — edifícios residenciais, infraestrutura industrial, hospitalar, escolas, mesquitas, igrejas cristãs —, a hecatombe inclui também os recursos destinados à alimentação da população, ou seja, as terras agrícolas. Assim, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) — uma entidade sancionada e perseguida tanto pelo sionismo israelense quanto pelos Estados Unidos — denunciou que 90% das terras agrícolas da Faixa de Gaza estão devastadas, como consequência de dois anos de genocídio contra o enclave palestino costeiro.
Segundo o organismo internacional, “a destruição causada provocou a perda total de renda das famílias palestinas que dependiam da agricultura, bem como a incapacidade da população de comprar alimentos nos mercados locais devido à destruição e ao bloqueio”.
Em maio passado, em pleno processo genocida, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou em um relatório público que “menos de 5% das terras agrícolas de Gaza são cultiváveis e/ou acessíveis neste momento, agravando ainda mais o risco de fome no território palestino devastado pela guerra… Com as terras, estufas e poços destruídos, a produção alimentar local foi interrompida (…). Esse nível de destruição não é apenas uma perda de infraestrutura — é o colapso do sistema alimentar de Gaza e daquilo que sustentava vidas.”
Assim, nesse cenário de perversidade, morte e holocausto generalizado, o suposto plano de paz para a Palestina se apresenta como uma manobra da aliança imperial sionista que, em um momento de extrema fraqueza política do regime israelense, busca algo que lhe permita ganhar fôlego diante de um mundo que começa a enxergar a sociedade israelense como o que realmente é: uma entidade pária, sem dúvidas quanto ao caráter terrorista de seu exército e de seus colonos paramilitares.
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Um mundo que, majoritariamente — inclusive nas capitais de países cujos governos são firmes aliados do sionismo israelense —, tem tomado as ruas para dizer ao regime nazissionista que suas ações configuram uma política genocida e que devem ser punidas. Uma política de “solução final” que espelha o Terceiro Reich alemão. Uma realidade que demonstra que não é possível confiar no sionismo, e muito menos em Washington e em seus falsos cantos de sereia sobre um cessar-fogo.
Notas
1. Em meios militares israelenses, sustenta-se a ideia de que “um soldado morto é melhor que um soldado sequestrado”. Essa doutrina militar, formalmente estabelecida pelo exército sionista, busca prevenir o sequestro de soldados israelenses por meio do uso de fogo pesado para deter os sequestradores, mesmo que isso resulte na morte dos próprios cativos. Uma investigação do jornal israelense Haaretz, em julho de 2025, revelou que o exército utilizou essa diretiva quando o Hamas atacou o sul de Israel. Redigida inicialmente em 1986 pelo Comando Norte do exército israelense, a diretiva evidencia que, ao longo de seus 77 anos de história, a entidade nazissionista tem recorrido à ação militar — e não à negociação — para libertar reféns, como nos casos da operação no aeroporto de Entebbe (Uganda) e do massacre de Maalot, em 1974. https://www.middleeasteye.net/explainers/israel-war-gaza-what-hannibal-directive-why-controversial
2. O direito internacional reconhece o direito à resistência, que está ligado ao direito à autodeterminação dos povos quando submetidos a dominação estrangeira, ocupação e colonização baseadas em critérios supremacistas e racistas — em que o extermínio costuma ser parte desses domínios ilegais. É esse direito que permite a oposição à ocupação de determinadas potências, incluindo o direito à luta armada.
3. Em 12 de outubro, ocorreram confrontos entre forças de segurança do Hamas e combatentes do clã Doghmush em Sabra, embora isso não tenha sido confirmado oficialmente. Uma fonte de alto escalão do Ministério do Interior de Gaza afirmou que os combates envolveram “uma milícia armada afiliada à ocupação israelense”. Saleh Al-Jafarawi, de 28 anos, havia ganhado reconhecimento por seus vídeos mostrando a brutal ofensiva israelense em Gaza. Naquele domingo, ele documentava a destruição após a retirada das tropas israelenses no bairro de Sabra, quando, segundo relatos, foi cercado por homens armados e atingido por sete disparos.
https://www.trtespanol.com/article/4e8ff7bf3c4b
4. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(24)01169-3/fulltext
6. Palavras de Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da FAO, observando que, antes da agressão sionista, a agricultura representava cerca de 10% da economia de Gaza, e mais de 560 mil pessoas (aproximadamente um quarto da população) viviam ao menos parcialmente da produção agrícola, pecuária ou pesca.
https://www.swissinfo.ch/spa/la-fao-advierte-que-menos-del-5%25-de-las-tierras-son-cultivables-en-gaza-por-la-guerra/89413176

