Nesta quarta-feira (6), data em que entram em vigor as sanções econômicas unilaterais dos Estados Unidos contra o Brasil, a produção da série de televisão “Operação Condor” torna pública uma nota de firme repúdio à ofensiva do governo de Donald Trump.
A carta é assinada pelos diretores, Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, junto aos consultores do projeto — Heleno Araújo Filho e João Vicente Goulart — e denuncia o ataque direto à soberania nacional que, inegociável, “não pode ser objeto de barganha comercial, chantagem geopolítica ou interferência estrangeira”.
O texto classifica a ofensiva estadunidense como “uma nova etapa da velha lógica autoritária que marcou a história da América Latina”, e presta solidariedade irrestrita ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao ministro Alexandre de Moraes, alvo central das sanções e difamações internacionais.
“Ao defender com firmeza a Constituição e o Estado Democrático de Direito, o ministro tornou-se alvo de setores que não aceitam os limites impostos pelas leis e pelos direitos fundamentais”, observam.
Os signatários destacam ainda que, à época da Operação Condor, os acordos repressivos ocorriam nas sombras, enquanto hoje são executados à luz do dia. Nesse sentido, exortam a, mais do que nunca, “nomear e resistir às novas formas de dominação, autoritarismo e colonialismo”, sendo justamente essa uma das missões da série “Operação Condor”.
NOTA DE APOIO AO STF E AO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES
Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, diretores da série de televisão Operação Condor, junto aos consultores do projeto — Heleno Araújo Filho e João Vicente Goulart — vêm a público expressar solidariedade irrestrita ao Supremo Tribunal Federal do Brasil, em especial ao Ministro Alexandre de Moraes, diante dos ataques promovidos pelo governo de Donald Trump contra a soberania das instituições democráticas brasileiras.
Nos preocupa profundamente a escalada desses ataques — abertos, sistemáticos e internacionalizados — que representam uma nova etapa da velha lógica autoritária que marcou a história da América Latina. Se antes os acordos repressivos do Operativo Condor ocorriam nas sombras, hoje assistimos à sua reconfiguração às claras, em plena luz do dia.
O tarifaço imposto ao Brasil e a outros países da América Latina é apenas uma das faces dessa nova ofensiva imperialista, que agora se vale de sanções econômicas, desinformação e ataques diretos a líderes e instituições comprometidas com o Estado Democrático de Direito. O alvo é o mesmo de ontem: nossa soberania, nossa memória, nossa democracia.
A soberania brasileira é inegociável. Não pode ser objeto de barganha comercial, chantagem geopolítica ou interferência estrangeira. Defender nossas instituições, nossa autodeterminação e nossa Constituição é defender o direito de um povo construir seu destino com dignidade, justiça social e independência. As tentativas de fragilizar o STF e criminalizar seus ministros fazem parte de um projeto mais amplo de desestabilização das democracias latino-americanas — e devem ser denunciadas com firmeza.
Nesse contexto, é também legítima e juridicamente fundamentada a decisão do STF que impõe prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida cautelar atende ao princípio da legalidade e encontra respaldo no artigo 312 do Código de Processo Penal, uma vez que há indícios de reiterado descumprimento de decisões judiciais e tentativa de obstrução da Justiça. A preservação da ordem pública, a garantia da instrução criminal e o respeito à autoridade das instituições são fundamentos inquestionáveis para a adoção da medida. Não se trata de perseguição, mas de aplicação da lei a quem, mesmo ocupando os mais altos cargos da República, deve estar submetido ao Estado de Direito, como qualquer cidadão.
A Operação Condor, no passado, foi alimentada por redes de espionagem, sequestros, torturas e desaparecimentos com a conivência e o financiamento de potências estrangeiras. Hoje, esse modelo se atualiza por meio de tarifas abusivas, chantagens comerciais, fake news, ataques cibernéticos e campanhas difamatórias que visam desestabilizar instituições democráticas e neutralizar vozes comprometidas com a justiça social e os direitos humanos.
A ofensiva internacional contra o STF e, em particular, contra o Ministro Alexandre de Moraes, se insere nesse contexto. Ao defender com firmeza a Constituição e o Estado Democrático de Direito, o ministro tornou-se alvo de setores que não aceitam os limites impostos pelas leis e pelos direitos fundamentais. É justamente esse tipo de postura autoritária — ontem disfarçada, hoje escancarada — que buscamos denunciar e enfrentar com nossa obra.
Nosso projeto nasceu do desejo de romper o silêncio sobre os pactos repressivos que marcaram a América Latina nas décadas de 1960 a 1980. Mas também nasceu do compromisso com o presente e com a defesa ativa das instituições que garantem o futuro da democracia no continente. Hoje, mais do que nunca, é preciso nomear e resistir às novas formas de dominação, autoritarismo e colonialismo.
Manifestamos, portanto, nosso apoio integral ao STF, na pessoa de Alexandre de Moraes, e conclamamos artistas, intelectuais, juristas, movimentos sociais e lideranças democráticas a se unirem na defesa intransigente do pacto civilizatório que construímos com tanto esforço.
A memória é resistência. A justiça é um direito. A democracia é inegociável. E a soberania brasileira também.
Muito obrigado.
Subscritores da nota:
Cleonildo Cruz
Luiz Gonzaga Belluzzo
Diretores da série de televisão “Operação Condor”Heleno Araújo Filho – Doutor Honoris Causa pela UFPE, presidente da CNTE, coordenador do FNE e Secretário-Geral da CPLP-SE.
João Vicente Goulart – Filósofo, presidente do Instituto João Goulart
6 de agosto de 2025
A cobertura sobre a produção aqui, na Diálogos do Sul Global, você confere na seção especial “Série Operação Condor”.

