No Chile, após encerrado, em 18 de agosto, o prazo para a inscrição de candidaturas presidenciais para as eleições de 16 de novembro, oito aspirantes disputarão a sucessão do mandatário Gabriel Boric – que não pode concorrer à reeleição imediata sem um período intermediário – a partir de março de 2026 e pelos quatro anos seguintes.
Serão as primeiras eleições presidenciais com voto obrigatório desde 2009, e para vencer é necessário obter mais de 50% dos votos válidos. Do contrário, haverá um segundo turno um mês depois entre os dois candidatos mais votados.
Kast, peão da ultradireita global
À frente nas pesquisas está o ultradireitista José Antonio Kast (59 anos), do Partido Republicano, que marca entre 25 e 30 pontos nas sondagens e está em sua terceira tentativa de chegar ao Palácio de La Moneda.
Implacável com Boric – que o derrotou há quatro anos no segundo turno, após Kast vencer no primeiro – concentra seu discurso na insegurança, na criminalidade e na migração indocumentada e descontrolada.
“Vivemos uma emergência em segurança que tranca as famílias dentro de suas casas, mantém os criminosos livres nas ruas e permite que estrangeiros ilegais violem impunemente nossas fronteiras e nossas leis”, afirma.
Não esconde seu pinochetismo nem seu catolicismo ortodoxo – opõe-se, por exemplo, ao planejamento familiar –, e tem proximidade com a ultradireita internacional, que inclui o argentino Javier Milei, o espanhol Santiago Abascal, o salvadorenho Nayib Bukele – de quem admira o modelo carcerário – e o estadunidense Donald Trump.
Promete reduzir impostos e enxugar o Estado, que, segundo ele, é “um obstáculo, preso em sua própria burocracia, em sua obsessão regulatória e em um gasto público descontrolado”.
Jeannette Jara, obstáculo ao pinochetismo
Quem desponta como principal adversária de Kast é a militante comunista Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho de Boric e candidata única da esquerda e centro-esquerda reunidas na aliança Unidade pelo Chile.
Ela venceu as primárias abertas de seu setor em junho e afirma que “o sonho que queremos é um país que cresça mais, gere mais empregos, tenha salários atrativos e melhores condições de vida para todas as famílias”.
Jara, que também marca entre 25 e 30 pontos nas pesquisas semanais e mensais publicadas, conta, de forma inédita, com o apoio da Democracia Cristã.
Demais candidatos
Pela “direita tradicional”, reunida na coalizão Chile Vamos, concorrerá a ex-prefeita, ex-ministra e ex-parlamentar Evelyn Matthei, cuja prolongada candidatura perdeu força nos últimos meses, passando de liderança a figurar em terceiro e até quarto lugar, estagnada em 14 pontos.
Com um discurso errático – chegou a dizer que os crimes cometidos por Pinochet nos primeiros anos eram inevitáveis, o que depois negou – e um temperamento irritadiço, seu eleitorado tem sido absorvido por Kast.
Também concorrerá o deputado Johannes Kaiser, do Partido Nacional Libertário (PNL), um neoliberal ultradireitista que aparece em quinto lugar, com entre 4 e 5% de apoio.
Um quinto aspirante é Franco Parisi, economista populista e líder do Partido da Gente (PDG), cuja candidatura vem crescendo, superando Matthei.
“Vamos governar com mão dura contra os criminosos e estender a mão à classe média, que tem passado por tempos difíceis (…) Com Parisi presidente e o Parlamento com o PDG, os criminosos têm duas opções: bala ou cadeia”, declara.
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Os outros candidatos são o ex-deputado Marco Enríquez-Ominami (esquerda), o jornalista e ex-dirigente de futebol Harold Mayne-Nicholls (liberal) e o professor Eduardo Artés (extrema esquerda).
Também haverá eleições parlamentares para eleger 155 deputados e 23 dos 50 senadores.
As pesquisas apontam para um segundo turno entre Kast e Jara.
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