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El Salvador: com oposição nula e “resultados palpáveis”, Bukele seria reeleito em “até dormindo”

Faltando mais de um ano para as eleições presidenciais de 28 de fevereiro de 2027 em El Salvador, bem como para as da Assembleia Legislativa e as municipais do país, avaliações prematuras não permitem afirmações seguras — com exceção da reeleição do presidente Nayib Bukele.

Já começaram as antecipações e opiniões de especialistas, magistrados, figuras políticas e alguns que talvez se atribuam poderes de pitonisas em certos casos, enquanto outros, com “os pés no chão”, lançam prognósticos sobre esses eventos que mudarão o rumo do país.

Guillermo Wellman Carpio, advogado e tabelião, ex-magistrado do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) pelo partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena), em entrevista ao diário El Salvador, fez avaliações que trazem elementos sobre a oposição e o futuro eleitoral.

Até agora, diversas opiniões e informes apontam um cenário de êxito para o governo. Segundo o ex-magistrado Wellman, quando as eleições de 2027 forem realizadas, não será apenas a segurança que impulsionará Bukele, como diversas pesquisas indicam, mas também os resultados de sua gestão, que lhe garantem sólido apoio na população.

Em 2027 estará concluída “a estrada de Los Chorros, terminado o Hospital Rosales, provavelmente já esteja pronto o Metrocable, o Hospital de Nejapa. O Hospital de Lourdes já estará finalizado; haverá um monte de obras”, exemplificou. Já não será, como apontam os críticos, um governo de “muito circo e luzes”, mas sim com resultados palpáveis.

Uma das conquistas do governo foi eliminar da capital a ação das gangues e promover uma metamorfose no Centro Histórico, agora renovado, com antigas construções resplandecendo e outras novas, como a Biblioteca Nacional, entre diversas obras que atraem salvadorenhos e turistas.

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Sobre a projeção eleitoral de 2027 para os partidos políticos, Wellman afirmou: “Vou lhe dizer a verdade, e sem temor do que possa publicar (o diário El Salvador): a política de oposição não existe, não levanta a cabeça, porque não querem entender que precisam de uma mudança, uma renovação diferente.”

“Na oposição, nem sequer entre eles estão de acordo, comem-se entre si” — nada mais próximo da verdade, pois as disputas internas entre partidos de oposição, como o direitista Arena, impedem que sejam considerados uma alternativa séria ao governo e dificultam a possibilidade de impedir uma vitória de Bukele em 2027.

Após perder apoio nas últimas eleições, por outro lado, a oposição de esquerda iniciou um processo de renovação para tentar apresentar uma alternativa ao povo salvadorenho, mas que ainda não dá frutos.

A resistência do FMLN

Manuel Flores, secretário-geral da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), em recente coletiva de imprensa, disse que no recente segundo congresso da entidade reuniram-se representantes da militância que não abandonaram a Frente em seus piores momentos. Houve, inclusive, o retorno de muitos seguidores que em determinado momento deram seu voto ao partido Novas Ideias, fundado pelo presidente Bukele.

governo salvadorenho tem o respaldo de importantes setores, incluindo sindicatos, associações, câmaras empresariais, grupos e organizações da sociedade civil, e, sobretudo, de um setor da burguesia local. (Foto: Reprodução / Facebook – Nayib Bukele)

O FMLN — antiga guerrilha transformada em partido político após o fim do conflito armado (1980–1992) — realizou o referido segundo congresso na localidade de San Antonio Los Ranchos, departamento de Chalatenango (norte), e revelou parte de seus objetivos.

Também ex-prefeito de Quetzaltepeque e deputado da Assembleia Legislativa de 2012 a 2021, Flores afirmou que no encontro foram definidas as estratégias do partido para os próximos cinco, 10, 15 e 20 anos, como parte desse processo de renovação.

Mas a realidade ainda é amarga na oposição, tanto de direita quanto de esquerda: não surge um líder capaz de conduzir os seguidores até a Casa Presidencial e outros órgãos de poder, como a Assembleia Legislativa, cuja composição em 2027 determinará o rumo futuro.

Segurança, o “sucesso” de Bukele

Para Wellman, Bukele pode chegar até 2033: “Essa eleição ele ganha até dormindo, sem fazer campanha; vê-se o trabalho que este governo realizou.”

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Atualmente, avaliações indicam que o tratamento dado por governos anteriores ao tema das gangues influenciou muito a população, que compara como vivia em anos anteriores — com muita violência — e como agora se sente segura.

O tema da segurança, visto como a principal carta de apresentação do governo — se desconsideradas supostas violações de direitos humanos e a morte de detentos nas prisões —, tem forte peso entre a população após anos de medo pela violência existente antes de 2019.

“Clandestina”: as memórias da brasileira que renunciou à identidade para desafiar a ditadura

Segundo Óscar Martínez Peñate, cientista político e doutor em Ciências Sociais, o país caminha na trilha da democracia, embora outros afirmem que se trata de uma ditadura e que o partido Novas Ideias busca se perpetuar no poder.

Não se pode negar que o governo salvadorenho tem o respaldo de importantes setores, incluindo sindicatos, associações, câmaras empresariais, grupos e organizações da sociedade civil, e, sobretudo, de um setor da burguesia local, afirmou Martínez.

Se, como diz a oposição, o apoio a Bukele e ao Novas Ideias se deve ao fato de que o povo é “enganado pela máquina estatal”, é preciso ver como isso se traduzirá nas urnas em 2027.

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O panorama é complexo e sua explicação, uma tarefa difícil. No entanto, as pesquisas asseguram a Bukele um apoio superior a 80%, e, apesar das críticas por violações de direitos humanos e por uma reeleição considerada inconstitucional, há opiniões de que o país avança pelo caminho correto.

É com essa carta que o mandatário conta em seu afã de continuar no governo.

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