O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite desta quarta-feira (8) que ambas as partes aceitaram implementar a primeira fase de um plano para travar a guerra de extermínio levada a cabo por Israel, iniciada há mais de dois anos.
A informação, que se seguiu às negociações indiretas realizadas no Egito, foi confirmada pouco depois pelo gabinete de Benjamin Netanyahu e pelo movimento da resistência palestina, que exortou o mundo — e, em particular, Washington — a obrigar Israel a cumprir todos os aspectos do acordo, de modo a evitar que fuja à sua implementação.
A resistência palestina, citada pela Prensa Latina, declarou que não irá abandonar “os direitos nacionais” de seu povo, na busca da “liberdade, independência e autodeterminação”.
Fontes cientes do pacto disseram à agência Reuters, nesta quinta-feira (9), que as partes assinaram todos os termos e mecanismos com vista à implementação da primeira fase de um cessar-fogo, no âmbito do plano apresentado por Donald Trump.
Implementação imediata
Ao Al Mayadeen, um representante do Hamas confirmou alguns detalhes do acordo, que implica a libertação de 20 prisioneiros israelenses em troca de mais de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 com penas longas.
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Prevê-se que a troca ocorra nas 72 horas seguintes à implementação do cessar-fogo, segundo declarou uma fonte palestina à agência AFP, acrescentando que “o acordo foi aprovado por todos os grupos palestinos”.
A TV Al Hadath indicou que Israel teria vetado a libertação de Marwan Baghouti, dirigente do movimento Fatah, e do secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmed Saadat, que estão há mais de 20 anos na cadeia.
De forma paralela, as forças de ocupação sionistas começarão a se retirar das zonas habitadas de Gaza, embora não se conheça com precisão a linha exata dessa retirada.
Ainda de acordo com o estipulado no pacto, a ocupação deverá autorizar a entrada diária no enclave de pelo menos 400 caminhões carregados com ajuda humanitária nos primeiros cinco dias subsequentes ao início do cessar-fogo.
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As mesmas fontes indicam que o número de caminhões deve aumentar posteriormente e que os palestinos deslocados à força para o Sul da Faixa de Gaza poderão regressar à Cidade de Gaza e a outras zonas no Norte.
As negociações tiveram início, de forma indireta, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, tendo por base um plano de Trump questionado pelos diversos grupos palestinos, incluindo o Hamas, que, ainda assim, aceitou negociar.
Bombardeios israelenses
Mesmo após ser divulgado que as partes tinham chegado a um acordo e já depois da implementação do cessar-fogo, há informações de que, nesta quinta-feira (9), a aviação militar israelense lançou vários ataques contra o enclave palestino.
Um representante da Proteção Civil em Gaza disse à agência AFP que foram registradas diversas explosões, sobretudo no Norte do território, depois do anúncio do pacto. Ainda segundo a declaração, Khan Younis, no Sul, também foi alvo de ataques aéreos e de artilharia, enquanto aviões israelenses voaram a baixa altitude sobre as tendas das pessoas deslocadas.

Já na manhã desta quinta-feira (9), as forças de ocupação lançaram avisos aos deslocados para que não regressem ao Norte – região que consideram uma “zona de combate perigosa”.
Cautela
Um repórter da Al Mayadeen registrou a ansiedade com que os habitantes de Gaza aguardavam a implementação do cessar-fogo. Enquanto isso, as autoridades no enclave aconselharam a população a manter “bastante cautela” até que a situação fique clara no terreno.
Apesar do alívio que o anúncio do acordo e a implementação do cessar-fogo trazem à população faminta e martirizada da Faixa de Gaza, a parte palestina alerta para a possibilidade de Israel não cumprir os termos assinados, como já aconteceu anteriormente.

