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Cannabrava | COP30: impasse, críticas e o peso das decisões finais

A COP30 chegou ao seu momento mais tenso: depois de um incêndio que paralisou as negociações e de um texto preliminar considerado fraco e sem ambição, cresce a percepção de que a conferência corre o risco de terminar sem enfrentar o núcleo da crise climática — a dependência global dos combustíveis fósseis. A pressão de ambientalistas, governos e ONGs transformou Belém num palco de cobrança explícita, expondo contradições, disputas e a urgência de decisões reais.

Texto preliminar fraco, incêndio inesperado e pressão global por um roteiro real para o fim dos fósseis

A COP30 em Belém entra nas horas decisivas sob um clima de frustração crescente. O que deveria ser um passo firme na luta climática se converteu em uma disputa aberta entre quem exige ações concretas e quem tenta esvaziar o sentido histórico da cúpula. As negociações foram marcadas por um incêndio que interrompeu a conferência, pela divulgação de um texto preliminar considerado frágil e pela divisão explícita entre países que exigem uma transição energética clara e aqueles que resistem a compromissos concretos.

Incêndio paralisou negociações

Um incêndio na Zona Azul, área central da conferência, provocou a evacuação imediata e atrasou por horas as discussões oficiais, criando tensão entre delegados e desmontando parte da agenda prevista. O episódio acentuou a sensação de improviso e desorganização nos bastidores.

O texto da “Decisão Mutirão” provoca indignação

Divulgado na manhã desta sexta-feira (21), o rascunho da chamada “Decisão Mutirão” foi duramente criticado. Ambientalistas o consideram “praticamente inútil” por não apresentar um plano objetivo de eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez Torres, foi direta: o texto está aquém do necessário e falha em estabelecer um roteiro global para a transição energética.

A União Europeia também reagiu de forma contundente: representantes classificaram o texto como “ofensivo” por omitir referências centrais aos combustíveis fósseis.

Declarações de ONGs ampliam a pressão

We Mean Business Coalition pediu “ações decisivas” e um verdadeiro plano de abandono de petróleo, gás e carvão.

Carbon Tracker alertou que excluir o principal problema climático da agenda seria “quase uma paródia”, caso a COP30 não consiga entregar um roteiro claro para o fim dos fósseis.

Posição da presidência da COP30

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, fez um apelo público: “Isso não pode ser uma agenda que nos divida. Precisamos chegar a um acordo.”

Em outra fala, insistiu que ainda é possível superar o impasse sobre combustíveis fósseis mediante reconhecimento mútuo das tendências de energia limpa e maior cooperação financeira.

O que ainda falta para concluir a COP

A conferência tem prazo para terminar hoje, 21 de novembro, mas para que isso ocorra, ainda é necessário avançar em pontos que seguem abertos e tensionados:

  • Consenso mínimo sobre a transição energética, especialmente na formulação de algum compromisso claro relacionado aos combustíveis fósseis.
  • Definição do financiamento climático, com garantias mais concretas para adaptação e apoio aos países vulneráveis.
  • Adoção do texto final na plenária de encerramento, etapa obrigatória para formalizar o fim da COP.

Enquanto isso, a presidência prepara nova sessão plenária informal para avaliar o andamento das negociações.

As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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