De janeiro a junho de 2025, foram registrados no Equador 4.619 homicídios intencionais, número 47,06% maior em relação aos 3.141 assassinatos cometidos no mesmo semestre de 2024, segundo um informe do Ministério do Interior. De acordo com outros organismos, quatro cidades equatorianas estão entre as 50 mais violentas do mundo.
Com massacres em zonas semirrurais em províncias como Guayas, Manabí e El Oro, as estatísticas se incrementaram notavelmente nas últimas semanas, segundo especialistas, devido às disputas territoriais entre grupos do crime organizado após os rearranjos nas cúpulas criminais.
Enquanto a publicidade governamental enfatiza o esforço policial e militar, nos meios de comunicação abundam as notícias de uniformizados envolvidos nas ações dos narcotraficantes.
Guayaquil, Machala, Durán e Manta já se encontram entre as 50 cidades mais violentas do mundo, só superadas por algumas do México e por Porto Príncipe, no Haiti. Machala está no sétimo lugar desse ranking. Todas essas cidades servem de depósitos e portos de saída do narcotráfico para os Estados Unidos e a Europa, motivo pelo qual também são territórios de disputa das quadrilhas criminosas.
Com 44,5 homicídios para cada 100 mil habitantes, a taxa do Equador já superou a do México, de El Salvador e de Honduras, sendo a mais alta da América do Sul. Além disso, crianças e adolescentes são os mais vulneráveis, com um aumento de 640% nos homicídios infantis desde 2019. A cifra registrada em 2025 é a maior dos últimos 15 anos.
Custo financeiro
E a violência não só está tirando a vida de milhares de pessoas, como também tem impacto na economia. Segundo os Índices de Paz Mundial 2018-2025 do Instituto para a Economia e a Paz, a insegurança já teria custado ao Equador 6% do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2018.
Já em 2023, o custo econômico desse panorama registrou um aumento notável, situando-se em 19,76 bilhões de dólares anuais, 10% do PIB equatoriano, com um impacto de mais de 1.500 dólares por pessoa.
Método Noboa fracassa
Apesar da declaração do estado de exceção em quase todo o país há mais de um ano, nas províncias mais afetadas pela violência, a resposta do governo do presidente Daniel Noboa tem sido insuficiente.
O Equador vive sob um regime de “conflito armado interno” desde janeiro de 2024, que concede às forças armadas poderes para atuar em todo o território, mas os resultados não são proporcionais. Esta nação é a terceira com a maior quantidade de cocaína apreendida no mundo: os informes oficiais mostram um aumento que passou de 18,2 toneladas em 2010 para 98,7 toneladas em 2017 e 206 toneladas em 2023.

O Equador consolidou-se também como um ponto de armazenamento e envio de drogas para outras regiões, principalmente América do Norte e Europa. Em 2022, entre 30% e 50% da droga que chegou à Grécia e à Turquia teve origem no porto de Guayaquil, de acordo com a Interpol europeia.
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