Com a presença de lideranças políticas e ativistas, a solenidade de lançamento da produção vai debater como a Operação Condor segue vigente em nossa região, com novos métodos, mas o mesmo objetivo
No dia 25 de novembro, a partir das 19h, o Clube de Engenharia, no centro do Rio de Janeiro, será palco de um gesto político que ultrapassa a arte e a memória. O evento que marca o início oficial da produção da série “Operação Condor” — dirigida pelo cineasta Cleonildo Cruz e pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo — pretende ser, antes de tudo, uma afirmação coletiva: a América Latina não aceitará uma nova era de dominação imperial.
A obra, que contará com sete episódios em sete países, revive a articulação repressiva que, há 50 anos, uniu Washington e as ditaduras sul-americanas para torturar, assassinar e desaparecer milhares de opositores. Mas o que poderia ser uma narrativa “histórica” ganha urgência brutal no presente: a Condor não terminou.
Desde agosto, os Estados Unidos ampliaram sua presença militar no Caribe e no Pacífico, com navios de guerra, submarinos nucleares, milhares de soldados e helicópteros de ataque sob o pretexto do combate ao narcotráfico. Na prática, bombardeios contra embarcações venezuelanas e colombianas vêm deixando mortos cujos nomes sequer são conhecidos — crimes que o direito internacional e especialistas da ONU já classificaram como execuções extrajudiciais.

A Venezuela denuncia as ações como tentativa de agressão militar e recorre à ONU exigindo respeito ao diálogo, à legalidade e à soberania. Em documento recente, relatores especiais da entidade reforçaram que a ameaça à paz não parte dos povos latino-americanos, mas da intervenção externa que busca justificar tutela política e espoliação econômica.
E a ofensiva não se limita à Venezuela e à Colômbia: no último sábado (15), o México foi palco de protestos contra o governo de Claudia Sheinbaum, no melhor estilo das Revoluções Coloridas; no Equador, os EUA buscam avidamente instalar bases militares, intento barrado, por ora, pelo referendo do último domingo (16), quando o povo do país disse “NÃO” à proposta; na Argentina, Javier Milei governa alinhado a Trump, o que se reflete tanto em acordos econômicos espúrios quanto no contínuo lawfare contra o peronismo; e no Brasil, a narrativa de combate ao narcotráfico impulsionada em Washington acena para o governo carioca de Claudio Castro, no âmbito dos massacres nos complexos da Penha e do Alemão no fim de outubro.
Da economia à política, da guerra jurídica ao ataque armado, das redes digitais aos mares do Caribe… em suma, muda-se a forma, mantém-se o objetivo: controlar governos, subjugar povos e apropriar-se de recursos estratégicos.
Arte como trincheira
Para Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, o lançamento da produção de “Operação Condor” é um grito de alerta:
“A Operação Condor foi uma engrenagem transnacional do terror. Hoje, o intervencionismo volta a levantar seus tentáculos. Produzimos esta série para que o passado sirva de arma contra a repetição do horror.”
José Dirceu fortalece apoio a “Operação Condor” e convida para lançamento da produção no Rio
Ao reunir sobreviventes, familiares de vítimas e lutadores históricos como o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, o evento reafirma que não haverá silêncio diante das ofensivas autoritárias que se rearticulam no continente. A educação para a memória — tão atacada por elites que temem a verdade — é aqui apresentada como instrumento de soberania e democracia.
Apoio continental à resistência
A força política da obra audiovisual se evidencia na amplitude do apoio recebido, que inclui entidades dentro e fora do Brasil. No evento de lançamento, estarão presentes:
No evento de lançamento, estarão presentes entidades nacionais e internacionais como:
Internacionais:
- Comissão Provincial pela Memória (CPM), presidida por Adolfo Pérez Esquivel
- Parlamento do Mercosul (Parlasul)
- Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA
- Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH)
- Museu de Memória e Direitos Humanos do Chile
- Internacional de la Educação – América Latina
Nacionais:
- Instituto João Goulart
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
- Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE-RJ)
- Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (SINPRO-RJ)
- Fórum Nacional de Educação (FNE)
- Comissão de Anistia do Brasil
- Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB)
- Grupo Prerrogativas
- Clube de Engenharia do Brasil
- Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
- Federação Interestadual dos Engenheiros (FISENGE)
- Instituto Zuzu Angel
- Cátedra UNESCO/UNICAP de Direitos Humanos Dom Helder Câmara
- Associação Brasileira de Economistas
Os realizadores e as organizações presentes convocam o país e o continente a reconhecer: o que está em disputa é o direito de nossos povos decidirem seus próprios destinos. A série nasce para lembrar o passado e impedir que ele seja futuro.
Para saber tudo sobre a obra, confira a seção especial na Diálogos do Sul Global: “Série Operação Condor”.

