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Fé manipulada: o evangelismo como arma geopolítica dos EUA na América Latina

O auge do evangelismo no Brasil e na América Latina é um fenômeno puramente religioso? Por trás da fachada espiritual das novas confissões religiosas que chegam do Norte, esconde-se uma máquina de influência geopolítica impulsionada pelos Estados Unidos? Na forma de uma estratégia de controle social, despolitização e alinhamento ideológico que serve aos interesses de hegemonia do líder do Norte. Fé, poder e neocolonialismo em “seu quintal”.

Ao mesmo tempo em que se responde a essas perguntas, não se questiona aqui a fé sincera de milhões de crentes ou de “mensageiros da fé” que, a partir de sua espiritualidade, trabalham pelo bem-estar de suas comunidades e seu próprio crescimento espiritual, em comum com “suas Comunidades”. Mas quando a fé deixa de ser um refúgio para a alma e se torna uma arma política, ou é instrumentalizada para outros fins, quando a oração e o sermão respondem a fins de manipulação psicossocial, estamos diante de outra coisa muito diferente.

O Brasil não é apenas o gigante da América Latina por seu tamanho, população ou riquezas naturais. É, acima de tudo, o nó geopolítico que historicamente despertou o interesse dos Estados Unidos em manter sua influência na região. A ferramenta mais eficaz nas últimas décadas? O evangelismo conservador, um movimento que, longe de ser espontâneo ou meramente religioso, tem sido incentivado, financiado e dirigido pelo Norte como um mecanismo de controle social e alinhamento político.

A relação de Washington com a América Latina tem sido marcada pelo que figuras como Henry Kissinger, John Kerry ou Marco Rubio definiram abertamente: o “quintal dos fundos”. Kissinger, arquiteto de uma diplomacia intervencionista, não apenas minimizou a importância da região — “nunca acontece nada importante lá” —, mas também impulsionou golpes de Estado e ditaduras que garantissem a submissão ao poder dos Estados Unidos. Essa mesma lógica se mantém hoje, embora com métodos mais sutis: a fé como arma de penetração cultural.

Desde o início do século 20, e com maior força durante a Guerra Fria, os Estados Unidos exportaram para a América Latina um modelo de evangelismo que replicava o de suas megacorporações religiosas. Igrejas como a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) ou as Assembleias de Deus não importaram apenas doutrinas, mas também uma estrutura organizacional projetada para contrariar o avanço do catolicismo social, a teologia da libertação e qualquer movimento popular que questionasse o status quo. A partir de diversas agências de inteligência, como a CIA e outras, e grupos de pressão ideológicos ou think tanks conservadores, essas redes e sua expansão foram financiadas, transformando templos não apenas em plataformas de propaganda anticomunista e pró-capitalista no início, mas, atualmente, em transmissores dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, do México à Patagônia.

Do púlpito ao hemiciclo: a intromissão política confessional

Uma vez consolidada a estrutura social desses grupos, com sua rede de fiéis que se reúnem todos os domingos e suas atividades de proselitismo durante a semana (para divulgar a “boa nova” e aumentar o número de acólitos), o próximo passo é a ação política direta. O que poderia ser legítimo se se limitasse à defesa de valores morais e se estes estivessem alinhados com o que em 2025 é a pregação ética e de conduta sem violência para com o próximo, a empatia, a solidariedade, o consolo para quem sofre um luto, colocar o indivíduo diante da finitude da vida e dar-lhe um propósito mais elevado, e tudo o que é característico de positivo na confessionalidade da maioria dos credos atuais. Mas essas redes evangélicas e outras se tornam uma intromissão totalmente imprópria quando operam como braço eleitoral a partir da lógica das elites locais ou como correias de transmissão e ação sociopolítica a partir de interesses estrangeiros. Do púlpito, ou através de canais paralelos, como meios de comunicação próprios e redes sociais, os líderes evangélicos não apenas pregam, mas também fazem campanha.

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É comum ver pastores promovendo abertamente candidatos alinhados com Washington ou, pelo contrário, exercendo uma oposição ferrenha a qualquer governo que defenda a soberania nacional ou políticas progressistas. Essa interferência, que muitas vezes conta com conexões semidiretas com agências de inteligência estadunidenses, vai além do lobby legítimo: é uma forma de suplantar a vontade popular, onde a fé é instrumentalizada para direcionar o voto.

Um exemplo claro são os frequentes sermões alinhados com as posições do evangelismo estadunidense (e de outras confissões difundidas na América Latina, mas com origem nos EUA) a favor do governo de Israel, apresentando o conflito palestino-israelense como uma “guerra santa” ou branqueando as ações de seu exército. Se se tratasse apenas de reconhecer as raízes judaicas do cristianismo ou de buscar inspiração nas antigas Escrituras que são a base do judaísmo, seria compreensível. Eles são um culto jovem e seria normal essa inspiração ou buscar as raízes com uma visão atual. Mas não: eles agem como agentes políticos, não como guias espirituais. Essa postura, que replica exatamente a política externa dos EUA e da extrema-direita israelense, revela até que ponto o discurso religioso está sequestrado por uma agenda geopolítica.

O discurso evangélico predominante enfatiza a teologia da prosperidade, a submissão à autoridade e a moralização dos conflitos sociais, além de se posicionar contra as evoluções da sociedade mundial em questões como o aborto (como direito legal da mulher de dispor de seu corpo e projeto de vida) ou o divórcio.

Além disso, a partir do púlpito, essa rede de influência não se limita à geopolítica. Ela exerce uma intromissão indevida na vida civil, promovendo ativamente a agenda moral conservadora fundamentalista estadunidense tão grosseiramente manifesta na vida política do governo Trump (e, nesse aspecto, poderíamos remontar até os tempos de Henry Kissinger), que tem entre seus principais alvos a comunidade LGBTQIA+.

33ª Edição da Marcha para Jesus, em São Paulo. São Paulo (SP), 19/06/2025. (Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil)

Sob uma retórica de “pânico moral”, esse coletivo é apresentado como uma ameaça à família tradicional, buscando reverter seus avanços legais e sociais. Essa postura não é espontânea: como fica claro em sua ação social, ela replica modelos da direita religiosa estadunidense e serve como uma cortina de fumaça eficaz para desviar a atenção dos problemas estruturais endêmicos na América Latina: a desigualdade econômica e a verdadeira soberania nacional, ambas sistematicamente sabotadas.

Esse déficit não é novo. Já Simón Bolívar, no crepúsculo de sua vida e após o fracasso de seu sonho unionista no Congresso do Panamá, vislumbrou com amarga lucidez a nova ameaça. Em uma carta profética ao seu amigo, o coronel Patricio Campbell, ele lamentou: “Quanto se oporiam todos os novos Estados americanos e os Estados Unidos, que parecem destinados pela Providência a infligir misérias à América em nome da Liberdade?”. Sua intuição se concretizou com folga. À sombra da Doutrina Monroe, o histórico de intervenções estadunidenses é impressionante: mais de 150 ações de diversos graus, desde a operação político-militar que criou o Panamá para controlar o canal, até golpes de Estado no Chile, Guatemala ou Brasil, operações secretas e apoio a ditaduras.

Esse padrão de dominação foi refinado no século 20. Organismos financeiros internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, juntamente com outras agências de desenvolvimento de inspiração estadunidense, ampliaram a influência do dólar e elaboraram políticas que mantiveram a região em um esquema de desigualdade social crônica e extrativismo neocolonial. A criação de dívida externa tornou-se o mecanismo perfeito para manipular a soberania das nações e frear seu desenvolvimento interno autônomo.

Visto nesse contexto secular, a influência através dos tentáculos das diversas confissões religiosas não católicas de inspiração anglo-saxônica que vieram do Norte não é mais do que o outro braço de ação da mesma hidra. Se as intervenções militares e econômicas são as garras visíveis do poder hegemônico, o evangelismo alinhado é sua arma cultural e dissuasória silenciosa, projetada para conquistar do púlpito o que nem sempre pode ser controlado com a ponta da lança.

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Essa “batalha espiritual” entre o bem e o mal esconde, portanto, uma agenda funcional aos interesses de Washington: enfraquecer a capacidade crítica das sociedades e favorecer um modelo de submissão ideológica.

No Brasil, esse fenômeno atinge sua máxima expressão. Líderes evangélicos alinhados com figuras como Donald Trump ou Marco Rubio têm promovido abertamente posições anti-China, anti-BRICS e anti-PT, replicando o discurso da extrema-direita estadunidense. A eleição de Jair Bolsonaro, amplamente apoiada por pastores com esses “vínculos transnacionais” objeto desta análise, reflete como o evangelismo se tornou um muro de contenção contra projetos soberanistas e multipolares de cada nação emancipada. Não é pouca coisa.

Diante disso, a posição do presidente Lula da Silva — “O Brasil não quer imperador”, “não somos o quintal de ninguém” — colide frontalmente com essa máquina bem lubrificada. Sua aposta na cooperação Sul-Sul, na desdolarização do comércio e na democratização da ordem global representa exatamente o que o evangelismo alinhado com os EUA busca evitar: um Brasil soberano, integrado ao BRICS e dono do seu destino.

Por tudo isso, desde 2025, a ofensiva política e diplomática do governo Trump em relação ao Brasil deixou de ser apenas retórica e passou a medidas concretas e visíveis, que confirmam a ideia de que o evangelismo e a política externa fazem parte de uma engrenagem maior de influência.

Em julho de 2025, o presidente Donald J. Trump enviou a Lula uma carta pública, divulgada abertamente nas redes sociais oficiais do Executivo, na qual classificou o processo judicial contra Jair Bolsonaro como um “Witch Hunt that should end IMMEDIATELY!” (ou seja, “Uma perseguição política, ou caça às bruxas, que deve acabar de uma vez por todas”). Vinculando explicitamente a adoção de tarifas como resposta política, ele anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre as importações brasileiras (ver APnews).

Esse gesto, em uma mistura coercitiva e descarada de pressão econômica e condenação pessoal ao processo judicial, foi interpretado por Brasília como “chantagem inaceitável” e provocou uma escalada imediata na retórica bilateral.

No entanto, o que era descrito pelos EUA como uma “caça às bruxas” era um processo judicial brasileiro legítimo que não respondia a nenhuma perseguição política, mas a fatos comprovados e graves atentados contra a ordem democrática. Bolsonaro e vários de seus colaboradores foram acusados de terem instigado e incentivado a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, quando milhares de seus partidários invadiram violentamente as sedes dos três poderes do Estado — o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal — com o objetivo de desconsiderar os resultados eleitorais e forçar uma intervenção militar.

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A investigação, conduzida pelo juiz Alexandre de Moraes, documentou a disseminação deliberada de desinformação sobre uma suposta fraude eleitoral, a conivência de comandantes policiais e militares e a participação de ex-ministros no financiamento e na logística do ataque. Por isso, o Supremo Tribunal Federal abriu processos por tentativa de golpe de Estado, associação criminosa e uso indevido de bens públicos, em cumprimento ao mandato constitucional de defender a legalidade democrática contra aqueles que tentaram subvertê-la.

A reação dos Estados Unidos a essa atuação normal do Poder Judiciário brasileiro foi se intensificando e não se limitou à imposição de tarifas punitivas ao Brasil. O governo estadunidense aplicou restrições de visto e outras medidas direcionadas diretamente aos juízes do Supremo Tribunal Federal do Brasil.

Além disso, o secretário de Estado Marco Rubio, já no topo do Departamento de Estado nesta fase, anunciou a revogação de vistos contra magistrados, incluindo o juiz Alexandre de Moraes (ver link três parágrafos acima), e as autoridades estadunidenses começaram a usar ferramentas de sanções financeiras (ações do Tesouro baseadas na E.O. e no marco Global Magnitsky) contra pessoas associadas ao processo. Essas medidas foram justificadas pela Casa Branca como resposta ao que classificaram como “ataques à liberdade de expressão” e “ordens de censura” sobre plataformas estadunidenses, mas no Brasil foram percebidas como interferência direta na independência judicial.

Não é a primeira vez que atores políticos e administrações estadunidenses intervêm de forma aberta ou velada na política latino-americana (a Doutrina Monroe e as numerosas intervenções dos séculos 19 e 20 são um longo antecedente). Mais recentemente, a partir de 2020, foram registrados apoios flagrantes de redes trumpistas a forças afins no Brasil, e a colaboração entre setores da direita estadunidense e Bolsonaro foi amplamente denunciada em 2023 por congressistas e meios de comunicação, o que preparou o terreno para a cooperação transnacional entre a extrema-direita política e os evangélicos aliados. Essas matérias jornalísticas e reportagens de 2023-2025 ajudam a traçar a continuidade entre a pressão geoeconômica e a ofensiva cultural/religiosa que evidenciamos nesta análise.

Mas voltando ao evangelismo, esta e outras confissões ou redes afins não operam apenas nas altas esferas. Em nível micro, elas tecem verdadeiras comunidades de apoio que proporcionam contenção emocional, ajuda material e um senso de pertencimento em contextos de precariedade e desenraizamento. Esse tecido social cumpre uma função de refúgio e identidade, e nisso reside boa parte de sua força de atração.

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No entanto, por trás dessa aparente solidariedade esconde-se um paradoxo: as mesmas elites que promovem esse modelo utilizam a fé como um instrumento de controle, sequestrando o potencial transformador das comunidades e subordinando-as a uma tutela neocolonial disfarçada de ajuda espiritual. Nesse esquema, a adesão não é apenas doutrinária, mas também econômica e social: pertencer significa ter acesso a redes de emprego, crédito, consumo e apoio mútuo, enquanto discordar ou se afastar pode equivaler a uma forma de “excomunhão civil”, uma morte social e econômica dentro do círculo comunitário.

Como ocorre em outras estruturas de obediência fechada em outros países, como a Espanha. Pensemos em organizações como o Opus Dei ou as Testemunhas de Jeová. Nessas comunidades religiosas, quem se distancia do grupo ou questiona a autoridade é marginalizado ou expulso, ficando privado da rede de relações pessoais e recursos que antes o sustentavam. No caso do Opus Dei, que também possui instituições educacionais que chegam até o nível universitário, o “desobediente marcado e excluído” pode ver todo o seu currículo, seja formativo ou profissional, ser negado (ver a esse respeito o artigo do jornal El País).

Assim, da mesma forma, na América Latina, o poder disciplinar dessas micro comunidades reforça o controle ideológico desde a base, reproduzindo no cotidiano a mesma lógica de dependência e submissão que, em grande escala, serve aos interesses políticos e geoestratégicos do Norte.

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Portanto, a questão relativa a todas essas novas confissões que, em apenas um século, marginalizaram o antigo catolicismo romano na América Latina, não é paranóica nem conspiratória ao levantar tudo o que vimos até aqui, mas sim uma análise politicamente lúcida e cautelosa em relação à soberania dos povos e das nações. Para ser mais preciso: o evangelismo, em suas múltiplas variantes pentecostais, neopentecostais e carismáticas, juntamente com os mórmons, batistas do sul e outras igrejas de origem estadunidense, é uma ferramenta suave de dominação? Os fatos sugerem inequivocamente que sim. E isso se sabe desde sempre…

Sob o discurso da salvação individual e da prosperidade divina, essas correntes teceram uma rede transnacional de poder espiritual e midiático, financiada e protegida por interesses políticos do Norte. Entre benefícios mútuos, influência geopolítica para Washington e poder, impunidade fiscal e expansão cultural para as igrejas, consolida-se um sistema de controle indireto que penetra nos bairros, nos parlamentos e nas consciências.

Assim, o que parecia uma mera renovação religiosa revela-se um projeto de engenharia social, um mecanismo de domesticação moral que substitui a antiga teologia da libertação por uma teologia da submissão. Em nome de Deus, o pensamento crítico é desativado; em nome da fé, o status quo é protegido. E assim, sob o manto luminoso da cruz, sufoca-se — mais uma vez — o direito da América Latina de pensar e governar a si mesma. Mesmo no mais íntimo, como o plano espiritual de cada um.

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Em um mundo que avança rumo à multipolaridade, a batalha pela alma do Brasil também é travada nos púlpitos. Embora tenhamos focado bastante neste país, por ser o caso mais visível e disseminado, não podemos esquecer que o fenômeno abrange toda a América Latina, onde o evangelismo alinhado aos interesses do Norte se expande sobre o vazio deixado pela antiga hegemonia católica.

Enquanto essas igrejas (referimo-nos apenas àquelas que fizeram da fé um instrumento evidente de poder e assim foi constatado) continuarem ganhando terreno, a sombra desse novo colonialismo que já tem um século, agora revestido de fé, continuará se espalhando pelo continente.

Por que é necessário apontar isso — ou pelo menos questioná-lo — nesta etapa da história? A resposta é simples: a fé foi transformada, ou convertida, em arma e ferramenta psicossocial. Não para “salvar almas”, nem para facilitar a emancipação ou o crescimento espiritual interior, nem mesmo para aproximar aqueles que sinceramente buscam a Deus; mas para subjugar, não para libertar, mas para domesticar.

E assim, sob a aparência de redenção, a América Latina volta a ser um campo de missão: não de almas perdidas, mas de soberanias em disputa, manejadas com a sutileza das teias de aranha e dos dispositivos do poder imperial 2.0. Porque sua ação e sua pregação não se limitam ao púlpito: elas também circulam em plataformas digitais e algoritmos dirigistas, multiplicando seu alcance e seu controle sobre comunidades inteiras.

Publicação original: Pressenza.

Para saber mais sobre a atuação das igrejas evangélicas, leia A Nova Roma: Como os Estados Unidos se transformam numa Washington Imperial através da exploração da fé religiosa (Editora Appris), de Paulo Cannabrava Filho.

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