Decisão de impeachmar Dina Boluarte foi unânime no Congresso do Peru; José Jerí, que assume o governo, é o 7º presidente do país desde 2016
O plenário do Congresso do Peru aprovou, nos primeiros minutos desta sexta-feira (10), a vacância (destituição) da presidenta designada da República, Dina Boluarte, por incapacidade moral permanente.
Em consequência, foi aplicada a sucessão estabelecida na Constituição Política do Peru, sendo o presidente do Congresso, José Jerí, quem assume a Presidência do país.
O projeto de resolução legislativa que declara a incapacidade moral permanente da chefe de Estado e, portanto, sua vacância do cargo, foi aprovado por unanimidade, com 122 votos.
Boluarte, que em dezembro de 2022 foi designada presidenta do país pelo Congresso, foi destituída por incapacidade moral permanente, porque não conseguiu combater a insegurança cidadã, argumentaram os legisladores.
Há alguns dias ocorreu um importante protesto do setor de transportes, já que no Peru as extorsões e os assassinatos acontecem diariamente. Semanas antes, membros da chamada geração Z saíram às ruas para expressar seu descontentamento com a forma como o governo de Boluarte vinha atuando, gerando uma crise social.
Sete mandatários peruanos em 10 anos
Minutos depois de concretizada a destituição de Boluarte, o plenário do Congresso realizou a cerimônia pela qual José Jerí assumiu a presidência do país sul-americano.
Jerí torna-se o sétimo mandatário do Peru desde 2016, depois de Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Martín Vizcarra (2018-2020), Manuel Merino (2020-2020), Francisco Sagasti (2020-2021), Pedro Castillo (2021-2022) e Boluarte.
Dina Boluarte faz um balanço de sua gestão
Boluarte foi convidada a comparecer à sede parlamentar para se defender da moção de vacância; no entanto, recusou-se a ir ao plenário sob o argumento de que havia uma violação do devido processo que lhe assiste, devido ao curto prazo transcorrido entre a admissão das moções e a sessão do plenário.
“Não o convalidaremos e, por essa razão, não compareceremos ao Parlamento Nacional”, afirmou o advogado de Boluarte, Juan Carlos Portugal, em sua conta na rede social X.
Boluarte, já destituída, fez uma declaração pública na sede do Poder Executivo, acompanhada de seu gabinete de ministros, na qual apresentou um balanço de sua gestão de quase três anos.
“Em todo momento invoquei a unidade, a trabalhar juntos e a lutar por nosso país”, declarou Boluarte, que era vice-presidenta do mandatário constitucional Pedro Castillo, também destituído pelo Congresso em dezembro de 2022.
Pedro Castillo exige restituição
Castillo, que está preso desde dezembro de 2022, acusado de supostos crimes de rebelião, abuso de autoridade e grave perturbação da tranquilidade pública em prejuízo do Estado, após sua tentativa de dissolver o Parlamento, reivindicou a restituição de seu mandato após a destituição de Boluarte.
Em uma mensagem publicada na rede social X e dirigida ao povo peruano, Castillo afirmou: “Em 7 de dezembro de 2022 me destituíram ilegalmente sem alcançar os 104 votos exigidos por lei. Hoje, com mais de 104 votos, foi aprovada a admissão de quatro moções para destituir a usurpadora Boluarte.”
¡Pueblo peruano!
El 7 de diciembre de 2022 me vacaron ilegalmente sin alcanzar los 104 votos que exige la ley.
Hoy, con más de 104 votos, se aprobó la admisión de 4 mociones para vacar a la usurpadora Boluarte.
Cuando se apruebe dicha vacancia también con 104 votos o más, se… pic.twitter.com/Jth0Dh69J5
— Pedro Castillo Terrones (@PedroCastilloTe) October 10, 2025
“Quando se aprovar essa vacância também com 104 votos ou mais, haverá um vazio de poder, momento em que corresponderá revogar a resolução 001-2022-2023-CR, com a qual fui destituído inconstitucionalmente, e, portanto, deve-se restituir meu mandato”, concluiu Castillo.

