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Nova geração na Esquerda: conheça a juventude política que assume a luta na América Latina

A chamada “primeira onda progressista” na América Latina teve como principais dirigentes pessoas que, em sua maioria, viveram suas juventudes em contextos de ditaduras militares ou governos de duvidoso caráter democrático e iniciaram suas carreiras na militância política e sindical. Nenhum deles chegou à Presidência antes dos 40 anos, embora alguns tenham se aproximado: Rafael Correa com 43, Hugo Chávez com 44 e Evo Morales com 46.

No final do primeiro quarto do século 21, novas figuras progressistas jovens emergiram na região. Seus posicionamentos ideológicos e eixos programáticos têm também matizes distintos dos da primeira onda, mas estão em sintonia com tempos de mudança globais que promovem novas respostas e formas de luta.

É preciso, então, conhecer seus nomes e suas trajetórias educativas, militantes e profissionais para não perder de vista que, além de Gabriel Boric, que chegou à Presidência do Chile com 36 anos, outros podem, em poucos anos, ser protagonistas de novos rumos políticos na região.

Este trabalho, portanto, é uma aproximação a essas lideranças emergentes que se destacam em seus países militando politicamente em espaços progressistas e de esquerda, e ocupando postos de deliberação ou gestão pública de relevância.

Para isso, foram selecionadas 45 figuras com relevância política, nascidas depois de 1986 e com perfil e trajetórias progressistas. Todos os países da América Latina têm representação, exceto os do Caribe.

De modo geral, os países em que existe maior visibilidade pública de lideranças juvenis de esquerda ou progressistas destacadas são: México, Chile, Argentina, Colômbia e Brasil; em menor medida, Bolívia e Uruguai. No restante dos países, e por diferentes circunstâncias, as figuras jovens que lideram espaços políticos e/ou sociais são menos frequentes ou visíveis, como no Paraguai e no Equador.

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A maioria desses jovens começou suas carreiras políticas como dirigentes juvenis ou estudantis. Os perfis mais jovens são os de Ofelia Fernández (Argentina, ex-deputada, 25 anos), Emilia Shneider (Chile, deputada, 28 anos), Andrea Chávez (México, senadora, 27 anos), Eugenia Godoy (Uruguai, diretora de Juventude, 23 anos) e Génesis Garvett (Venezuela, deputada, 26 anos).

Atualmente, a maioria desses jovens ocupa cargos legislativos ou postos importantes nos partidos a que pertencem. Das 45 pessoas estudadas, 28 são deputados (principalmente), senadores ou vereadores. O Chile conta com duas importantes figuras jovens no Executivo (Gabriel Boric, presidente, e Camila Vallejo, ministra-secretária-geral), a Colômbia com um ministro (Daniel Rojas Medellín, Educação) e o Governo da Cidade do México com a secretária de Mulheres (Citlali Hernández). Cabe aqui mencionar a ex-primeira-ministra do Peru, Bettsy Chávez.

Quanto às origens de sua militância, a maior parte desses jovens foi dirigente estudantil ou juvenil e, em menor medida, sindical. Embora todos tenham crescido na era digital e sejam ativos comunicadores por meio de suas redes sociais, apenas em um caso (Rick Azevedo, Brasil) a carreira política começou como influenciador digital.

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O MORENA (México) é o partido político que mais jovens tem em sua direção: Luisa Alcaide, sua presidenta, tem 37 anos; Carolina Rangel, secretária-geral do Comitê Executivo, 36 anos; e Andrés Manuel López Beltrán, 39 anos, é secretário de Organização.

Quanto à formação, a grande maioria possui título universitário, sendo Economia, Direito e Ciência Política as carreiras mais escolhidas.

Em grande parte, esses jovens cresceram em ambientes urbanos de médio a grande porte, exceto Andrónico Rodríguez (San Isidro, Chapare, Bolívia), Jonatan Acuña Soto (Heredia, Costa Rica) e Gabriel Boric (Punta Arenas, Chile).

A análise realizada até aqui baseia-se apenas em nomes destacados da política progressista regional. Sem dúvida, existem muitos mais. No entanto, a renovação geracional diante do forte avanço das direitas e ultradireitas no mundo parece não ser suficiente. Os desafios em termos de humanidade, justiça social, mudança climática e ampliação de direitos são imensos para o futuro. Serão necessários, com urgência, maiores níveis de convocação, flexibilidade e abertura por parte de movimentos e partidos progressistas para integrar, promover e validar todos os jovens que queiram trabalhar por um futuro que os inclua.

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