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Cannabrava | EUA em decadência e a afirmação da multipolaridade liderada pelo Brics

Diante da perda de influência, Washington tenta impor uma nova bipolaridade: entre o “Ocidente” que pretende liderar e os “inimigos” — representados pelo Brics — a serem contidos

A Cúpula do Brics+ no Rio de Janeiro deixou claro para o mundo: o sistema internacional está em disputa. De um lado, a potência hegemônica em declínio — os Estados Unidos — tenta desesperadamente manter sua supremacia, agarrando-se ao dólar como moeda de referência global, conforme definido em Bretton Woods em 1945. Do outro, uma articulação crescente de países emergentes propõe um mundo multipolar, onde o poder e a riqueza sejam distribuídos de forma mais justa entre as nações.

A ofensiva dos Estados Unidos não é nova, mas se intensifica. Diante da perda de influência, a resposta de Washington tem sido a imposição de uma nova bipolaridade — entre o “Ocidente” que pretende liderar e os “inimigos” a serem contidos: China, Rússia, Irã, e agora o conjunto do Brics. Em vez de buscar diálogo, os Estados Unidos apostam em tarifas, sanções e ameaças. Não querem negociar. Rejeitam qualquer reforma da governança global que possa diminuir seu poder de veto.

A China, por sua vez, propõe outra lógica. Em vez de impor regras, busca estabelecer pontes. É a principal interessada em preservar o comércio internacional, expandir os investimentos em infraestrutura, criar instituições financeiras alternativas e estabilizar suas reservas. A diferença de postura é gritante: enquanto os Estados Unidos defendem seus interesses com arrogância e imposição, a China aposta na interdependência e na diplomacia multilateral.

Comparativo econômico: potência decadente versus potência emergente

Essa diferença de postura entre China e Estados Unidos se expressa também nos dados concretos da economia global. Em termos de paridade de poder de compra (PPP), a China já ultrapassou os Estados Unidos e lidera com um PIB estimado em US$ 40,7 trilhões, contra US$ 30,5 trilhões dos estadunidenses, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2025. Já no PIB nominal, os EUA ainda mantêm a dianteira, com US$ 30,5 trilhões, enquanto a China figura com cerca de US$ 19,2 trilhões.

No que se refere às reservas internacionais, a vantagem chinesa é ainda mais significativa: o país asiático acumula mais de US$ 3,28 trilhões em reservas, uma parte expressiva delas em dólares, o que paradoxalmente sustenta o sistema que Pequim também quer reformar. Os Estados Unidos, embora emitam a moeda de referência global, dependem da confiança externa para manter o valor do dólar e financiar seu déficit.

A liderança financeira dos EUA, no entanto, mostra sinais de erosão. A participação do dólar nas reservas cambiais globais vem caindo, passando de 65% em 2014 para cerca de 58% em 2024. Enquanto isso, a China promove o uso internacional do yuan e investe em sistemas alternativos de pagamento, como o CIPS, além de integrar iniciativas do Brics para criar uma moeda de liquidação comum entre países do Sul Global.

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A Cúpula do Brics+ revelou que a maioria dos países do Sul Global quer justamente isso: negociar, participar, ter voz e voto no destino comum. Não se trata de substituir um império por outro. Trata-se de superar a lógica imperial. Mas, para isso, é preciso que a potência decadente aceite sentar à mesa — e os Estados Unidos, ao que tudo indica, não querem negociar.

* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT.

Paulo Cannabrava Filho é autor de uma vintena de livros em vários idiomas, destacamos as seguintes produções:

As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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