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“Racismo institucional é o maior vírus contra os povos indígenas no Brasil”, avalia Rose Padilha

Em entrevista, a antropóloga denuncia o preconceito e a invisibilização nas instituições nacionais: “O Brasil precisa parar de ver os indígenas como um problema e começar a aprender com eles”

“O racismo institucional é o maior vírus contra os povos indígenas”, denuncia a antropóloga Rosenilda Dias Padilha. A especialista foi a convidada do programa Dialogando com Paulo Cannabrava desta terça-feira (22) e explicou por que o maior obstáculo à saúde e à cidadania indígena não está na floresta, mas nas estruturas do Estado brasileiro.

Nascida em uma ilha no Pará e de origem ribeirinha, Padilha relata as barreiras que essas comunidades enfrentam no acesso à saúde pública. “Muitas vezes os próprios profissionais não estão preparados para atender indígenas. Há descaso, preconceito e uma enorme falta de sensibilidade cultural nas políticas públicas”, afirma.

Rosenilda também critica o silenciamento das vozes indígenas dentro das próprias instituições que deveriam protegê-las. “O indígena ainda é tratado como objeto de pesquisa, e não como sujeito político. Isso se reflete em todas as áreas: educação, saúde, política”, observa. Para ela, que atua no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), a solução passa pela valorização do conhecimento tradicional e pela escuta ativa das lideranças das aldeias.

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Durante a entrevista, a antropóloga compartilhou sua trajetória de vida, desde o convívio com os Asurini do Tocantins, onde aprendeu a língua nativa e vivenciou os saberes indígenas, até sua atuação como formadora de professores em comunidades amazônicas. “O Brasil precisa parar de ver os indígenas como um problema e começar a aprender com eles”, defende.

Ela também denunciou que o atual modelo de desenvolvimento segue ameaçando os territórios indígenas com mineração, desmatamento e grilagem. “A floresta está sendo destruída em nome do lucro, mas quem perde é toda a humanidade. Os povos originários cuidam da terra há milênios. São os verdadeiros guardiões da biodiversidade”, alerta.

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Rosenilda encerrou a conversa com um apelo por respeito, autonomia e justiça histórica: “O nosso corpo carrega memória, e o território é parte da nossa identidade. Não queremos esmola. Queremos viver com dignidade, com saúde, com direito à nossa cultura.”

Confira a entrevista completa no canal TV Diálogos do Sul Global, no YouTube:

As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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